Garanhuns perdeu ontem, por volta das
23h, um dos maiores prefeitos da história do município. Amílcar da Mota
Valença, 98 anos, morreu no Hospital Nossa Senhora Perpétuo Socorro, onde foi
levado após ter se sentido mal em sua residência, no bairro de Heliópolis.
Amílcar foi prefeito de Garanhuns em
duas oportunidades: de 1963 a 1968 e de 1973 a 1976. Antes disso exerceu três
mandatos de vereador, um deles como Constituinte, em 1947.
A eleição de Amílcar, em 1962, foi
uma verdadeira revolução no município. À época ele era apenas um jovem
agropecuarista e vereador, que tinha como principal base eleitoral o distrito
de São Pedro. Enfrentou uma candidatura forte, apoiada pelos governos municipal,
estadual e federal.
Venceu com folga, liquidando os
adversários que o chamavam pejorativamente de "matuto" e
"leiteiro". Além de um frente enorme na disputa majoritária,
conseguiu eleger 8 vereadores, dentre eles José Inácio Rodrigues e Ivo Tinô do
Amaral, que depois também se tornariam prefeitos.
Chamado de matuto, Amílcar Valença na
verdade era um homem com muita visão do futuro. Criou a Autarquia Municipal de
Ensino Superior, AESGA, e a Faculdade de Administração de Garanhuns, FAGA, hoje
um complexo universitário que atende jovens de todo o interior pernambucano.
Foi também o prefeito que construiu o Mercado 18 de Agosto e iniciou a
construção da CEAGA, concluída pelo seu sucessor.
Quando prefeito pela primeira vez, em
1965, Amílcar praticamente comprou uma briga com a Câmara para fazer a doação
de um terreno do município para a União. No local deveria ser construído um
batalhão do exército. Os vereadores eram contra, mas terminaram atendendo ao
Chefe do Executivo, a proposta foi aprovada e nasceu o 71 BI. O quartel ficou
pronto em 1968.
Pouca gente sabe, mas o quartel do 71
BI é hoje a maior "indústria" de Garanhuns e deixa todo mês alguns
milhões na economia do município.
O reconhecimento do Exército
Brasileiro ao singular homem público viria depois: o prefeito receberia as duas
maiores comendas da instituição. Amílcar da Mota Valença é um das poucas
personalidades na cidade que recebeu as medalhas do Pacificador e da Ordem do
Mérito Militar.
Além de ter sido vereador e prefeito
duas vezes, o "leiteiro" ainda fez o seu sucessor: Em 1976 ele elegeu
seu vice, Ivo Amaral, que também governaria Garanhuns em duas oportunidades.
FAMÍLIA - Amílcar teve como pais Abílio Valença, de Pesqueira, e Emília Mota,
esta de uma tradicional família do município de São bento do Una. O ex-prefeito
teve 9 ou 10 irmãos, o mais conhecido deles o padre Adelmar da Mota Valença,
que foi diretor do Colégio Diocesano mais de 40 anos. Outro dos seus irmãos,
Agobar, também foi sacerdote e morreu jovem.
Da numerosa família ainda estão vivos
Anita (101 anos), Asnar (97) e Arminda (87).
O ex-prefeito, que nasceu na Praça
João Pessoa, em Garanhuns, foi casado Deolinda Silvestre Valença, Dona
Dora, que hoje dá nome a principal Avenida de Acesso ao Conjunto Francisco
Figueira (Cohab II). O casal teve quatro filhos: Pedro Jorge, Celso, Maria
Emília (esposa de Givaldo Calado) e Adiza.
Amílcar Valença teve o corpo velado
inicialmente em casa, mas já está no plenário da Câmara de Vereadores, de onde
sairá para o cemitério de São Miguel. O sepultamento está marcado para às 17h.
Hoje Garanhuns dá adeus a um dos seus
grandes homens públicos. Vai com Deus Amílcar Valença, que ficará para sempre
na memória dos garanhuenses!
(Matéria do Blog do Roberto Almeida)
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