terça-feira, 5 de junho de 2012

Fim do imbróglio: PT define nesta terça candidato à Prefeitura do Recife

Blog do Jamildo

Um prefeito decidido a tentar a reeleição, aliados (do partido e da base governista) que querem a qualquer custo lançar outro nome, uma prévia cancelada, outra remarcada (e, logo em seguida, desmarcada), especulações e trocas de farpas constantes entre correligionários. O que se vê no cenário político do Recife é o partido da situação, o PT, sendo protagonista de uma das maiores confusões já vistas na cidade. A situação arrasta-se há meses e emperra também as decisões da oposição. Finalmente, uma definição sairá nesta terça-feira (5), após uma reunião da Executiva Nacional da sigla, em São Paulo.



Na sociedade, o prefeito João da Costa é criticado pela falta de carisma e má gestão. Apesar disso, lidera pesquisas de intenção de votos, exceto quando o ex-padrinho político e deputado federal, João Paulo, entra no pleito, hipótese descartada pela legenda e por ele próprio.

No partido e na Frente Popular, aliados defendem que os eleitores querem manter a gestão do PT - que assume a capital pernambucana desde 2000, com dois mandatos de João Paulo -, mas mudar o condutor. No fim das contas, o racha no partido é por conta de uma briga entre João da Costa e João Paulo.

O mau-estar entre os dois se arrasta desde o primeiro ano do mandato do atual prefeito. Antes disso, eram aliados. João da Costa assumiu secretarias importantes quando João Paulo era prefeito, como a de Planejamento. João Paulo peitou lideranças petistas para lançar Costa como seu sucessor e conseguiu elegê-lo. Hoje, caminham em lados opostos. João Paulo já ameaçou deixar o partido, recentemente asseverou que não sobe no palanque do desafeto em hipótese alguma.
Os motivos da desavença nunca foram comentados detalhadamente. Nos bastidores, comentam-se que João da Costa sentiu que o ex-prefeito queria interferir demais na sua administração, enquanto João Paulo afirma que Costa distanciou-se após a eleição, chegando a nem atender ligações.

Neste cenário, João Paulo liderou uma articulação para lançar um outro nome petista para concorrer ao Palácio do Capibaribe. Com o lançamento do deputado federal Maurício Rands e a persistência de João da Costa, o partido precisou recorrer a uma eleição interna para definir um nome.

Além de João Paulo, Rands tinha o apoio da maior corrente petista, a Construindo um Novo Brasil (CNB), do senador Humberto Costa, da maioria dos vereadores e dos deputados, e, nos bastidores, do ex-presidente Lula e do governador Eduardo Campos (PSB).
Foto: divulgação
João da Costa tem ao seu lado o deputado federal Fernando Ferro, os deputados estaduais André Campos e Teresinha Nunes, além de alguns vereadores e o presidente do PT no Recife, Oscar Barreto. Aliás, também pode-se dizer que João da Costa também tem o apoio da militância, já que no último dia 20, ganhou de Rands a prévia com 553 votos de diferença.

Entretanto, Rands e aliados o acusaram de ter "voto pirata". Uma desavença em torno da lista de filiados aptos a votar acabou gerando uma briga de liminares. Em menos de 24h, três documentos do tipo foram emitidos pela Justiça. Com a judicialização do processo, a Executiva Nacional do PT interveio no processo municipal e, no dia 24 do mês passado, anulou a eleição interna, apesar de garantir que não houve fraudes, apenas falhas.

Na mesma semana, a Executiva tentou um acordo entre Rands e Costa em torno do nome do senador Humberto Costa. A proposta é que ele seja o candidato. Rands, que é aliado do senador, retirou sua candidatura. João da Costa não. Com a desistência do deputado federal, ele quer sua candidatura homologada pela Executiva Nacional. Nos bastidores, correm rumores de que ele irá recorrer de todas as formas possíveis, caso a Executiva Nacional imponha a candidatura de Humberto Costa.

Apesar disso, um fato é certo: nesta terça (5), um candidato será escolhido. Foram convocados para a reunião na sede do partido os 20 membros da Executiva, da qual Humberto Costa faz parte, já que é vice-presidente nacional da legenda. João da Costa e aliados também participarão.
Com a definição do PT, a locomotiva das eleições do Recife voltará a andar. A oposição retomará as articulações para lançar candidatos. O chamado grupo alternativo da Frente Popular, liderado pelo senador Armando Monteiro (PTB), que ameaça lançar um nome diferente do PT, caso João da Costa seja o candidato, também determinará seu rumo. O governador Eduardo Campos se posicionará oficialmente. E serão marcadas as datas das convenções partidárias, que devem ocorrem até 30 de junho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário